Já imaginaram se a Polícia Federal começasse a investigar a vida de cada candidato ao governo, Senado ou a Deputado, faltando menos de um mês para as eleições? É claro que a maioria deve ter a ficha limpa, transparente até. Mas sempre aparece um ou outro com um "rabinho de palha". Foi o que aconteceu hoje no distante Amapá.
Talvez por avaliarem que estavam tão longe de onde as coisas acontecem, o governador Pedro Paulo Dias (PP) e o ex-governador Waldez Goes (PDT) tenham montado um esquemão que, segundo a PF, de 2009 até o momento já teria desviado R$ 800 milhões em verbas repassadas pela União ao Estado. Dinheiro que seria destinado à educação.
Seria engraçado - e até um tanto reconfortante, admito - assistir ao desmonte de palanques favoritos, às vésperas do pleito. Ver os caras já com a mão na faixa - loucos para dar continuidade aos seus esquemas de desvio de verbas públicas, pagamento de propinas e outros quitutes que a política do mal tem no cardápio - serem enquadrados pela PF "aos costumes"...
E você não ficaria feliz? Principalmente você, desavisado, que pretendia votar no tal meliante?
E não será surpresa para ninguém se daqui a pouco surgirem na mídia políticos em defesa dos colegas detidos. Já vimos esse filme antes. Vão falar que foi perseguição política, que é um ato de campanha, e tal.
Candidato à reeleição, Pedro Paulo assumiu o governo das mãos de Waldez Goes, que saiu para disputar o Senado, e hoje está em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Mas seu companheiro de chapa lidera a disputa pelo Senado.
Se não for processado e tiver a candidatura cassada, é provável que a partir de 2011, Goes passe a integrar a honrada bancada do Amapá no Senado, comandada por ninguém menos que o inatingível José Sarney. Embora seja maranhense, Serney foi eleito senador pelo Estado nortista que criou quando era presidente da República.
É improvável que a "operação mãos limpas", realizada hoje pela PF no Amapá, se repita em outros Estados e cidades até a data do pleito. Mas não tem problema se acontecer depois. Mesmo que não impeça a eleição de políticos corruptos, pode contribuir para apeá-los do poder, mesmo depois de diplomados.
É quem sabe, se um dia desses a PF não resolve dar uma "passadinha" em Chã Grande...
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